09 abril, 2004

KARMA DO MÊS!!!

vou começar repetindo uma resenha do antigo robson mas acho que vocês não vão se importar. ou vão? ah, foda-se.

GUIDED BY VOICES, "ISOLATION DRILLS"

conheci guided by voices nos idos de 2001 graças aos adventos da internet a cabo do meu antigo emprego. já havia lido umas resenhas do incensadíssimo alien lanes, disco do gbv lançado em '95, dissertando sobre a beleza ímpar daquelas músicas gravadas da forma mais lo-fi e tosca possível [aliás, guided by voices até então era sinônimo de melodias pop em gravações toscas]. ok, o disco é muito bom e tem coisas como game of pricks e my son cool, que são do caralho.

os anos passam e robert pollard [o tiozinho de 45 anos que é líder e mentor do gbv] resolve lançar um álbum "hi-fi", com acabamento e esmero, o nosso isolation drills. obviamente, os indies acusaram-no de heresia, talvez porque agora corria-se o risco do guided tocar no rádio [indie é uma bosta hipócrita, vocês sabem, ainda mais quando vira crítico de música e passa a escrever em veículos de grande repercussão].

é bom lembrar: o disco é bem produzido sim, mas no sentido única e exclusivamente da qualidade de som. não há nenhuma intervenção de computador, blips e zóings, nem djs e tal. trata-se apenas do roquenroll puro do guided by voices no melhor e mais inspirado registro da sua carreira. dezesseis canções que você pode ouvir tranquilamente com aqueles seus amigos cujo disco mais desconhecido que possuem é o unplugged do nirvana.

e talvez se não fossem as letras non-sense de pollard, esse disco, com um pouco mais de divulgação, teria vendido alguns milhões. como prova, é só ouvir chasing heather crazy, uma das cinco melhores melodias do século XXI até agora. ou então glad girls e o refrão mais chiclete do disco ["heeey glad girls only only want to get you high"]. ouça e tente esquecer depois.

sem contar as outras pérolas que permeiam suas melodias incríveis com esquizofrenia lírica quase cômica como em fine to see you ["the cup is running wild/ i am hypnotizing the highway/ i am baptizing mad rivers/ and the rivers run wild"] e privately ["in the midst of this effort/ courageous tonges are bitter/ don't blast them"].

para quem não sabe, o processo de composição de mr. pollard é bastante curioso. ele sonha com nomes de música absurdos e escreve as canções a partir deles. deve ser daí que ele tirou coisas como the brides have hit glass ["as noivas têm que quebrar vidro"], a própria chasing heather crazy ["acorrentando a louca heather"] e how's my drinking? ["como está minha bebedeira?"].

outra curiosidade sobre o gbv: a formação da banda já mudou mais de 50 vezes [mais do que o iron maiden]. neste disco, nós temos o baterista do superchunk jim mcpherson assumindo as baquetas, e a participação do finado elliot smith tocando piano em algumas faixas.

este é um disco perfeito para ouvir pela manhã e se sentir uma pessoa melhor. e ainda corre o risco daquela sua amiga gostosa te perguntar "que música é essa?".

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